50 anos de Abril

Nos 50 anos de Abril estou de luto. Num contexto SEM PAZ GLOBAL e PORTUGAL SEM PAZ SOCIAL, assiste-se ao fortalecer de grupos extremistas. Estes são cada vez mais vocais e mais território ganham no espaço público, influenciando e dividindo as opiniões da população – ao mesmo tempo que silenciam a moderação e razão.

SEM PÃO, a escalada dos preços na alimentação devora os salários, que já mal chegam para sobreviver quanto mais para viver.

SEM SAÚDE, desde o desinvestimento até à falta de gestão e autonomia. Todos, profissionais e utentes, gritam por SOCORRO.

SEM HABITAÇÃO se sobrevive. Não foi problema na altura dos meus avós, não foi problema na altura dos meus pais, mas agora é um problema de todas as gerações.

SEM EDUCAÇÃO, cultiva-se uma sociedade que sabe ler, mas não compreende o que lê e que se perde num mar de desinformação. Enfrenta-se um visível e grave desinvestimento nas infraestruturas e nos profissionais de educação.

SEM MÍDIA IMPARCIAIS, o jornalismo desvia-se da sua ética de independência e imparcialidade. Notícias não são opiniões moldadas ou retóricas inflamadas. Com os mídia prisioneiros de grupos políticos, ideologias e sendo movidos pelo capital, a realidade é ofuscada e a sociedade sofre com a falta de clareza e objetividade.

SEM DEBATE CRÍTICO, a praça pública e, em particular, a Assembleia da República, tornam-se palcos de discórdia. Com a AR povoada por incompetência, interesses e pessoas cujas carreiras nunca ultrapassaram os corredores do poder – assemelhando-se a aristocratas alheios à realidade dos cidadãos.

SEM LIBERDADE se vive quando todos os seus pilares estão profundamente erodidos. Ainda que com eleições, progressivamente vivemos mais acorrentados.

É verdade que já estivemos pior, mas também já estivemos melhor, é hora de parar de nivelar por baixo e exigir mais. Não só ao governo mas também a toda a AR e restantes dirigentes públicos. Diante de um panorama internacional incerto, é hora de parar as trivialidades e os jogos de interesses. É crucial que sejam audazes e valentes, é crucial uma gestão seria e estratégica para assegurar a estabilidade e o progresso. Não importa discutir o passado à procura de responsabilidades, o que importa é fazer o correcto no presente para assegurar o futuro.

“Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal”

Escolho esta imagem como símbolo do meu protesto, adotando-a como foto de perfil em todas as minhas redes sociais no dia 25 de Abril. É um gesto que manifesta o meu descontentamento e serve como um apelo urgente por mais transparência, integridade e eficácia de toda a nossa classe política.

Com a correria do dia a dia para sobreviver, muitas vezes é difícil estar presente fisicamente nas ruas, mas, felizmente, a tecnologia trouxe-nos novas formas de fazer com que a voz de cidadãos cheguem até os governantes. Convido todos que se identificam com esta realidade a fazerem o mesmo.

Saudações a todos
Ricardo Gomes